Estávamos no terceiro ano de escolaridade. Lembro-me de descer aquelas escadas escorregadias nas batas azuis com os nomes bordados a vermelho, e no fundo das escadas todos os dias às quatro horas e meia da tarde, o pão com marmelada e o cheiro do suor seco. Era o lanche e as corridas dos que ficavam até à enorme tília na outra ponta do colégio. Eram as brincadeiras na areia debaixo da copa verde-amarela, era o riso do gordo José que já calçava o nº 39. O passivo Adelino cujo pai tinha uma loja que fora assaltada e as colecções de folhinhas perfumadas da pequena Catarina - a quem dei uma foto do meu irmão nu dizendo ser minha - a troco de uma hora com um brinquedo que estava na moda: um cone e uma bolinha, presos por um cordão, que se ganhava ao juntar meia dúzia de caricas de refrigerante 7’up. Eram os Tou’s nos bolicaus, os pega-monstros nas batatas, ver quem jogava melhor à bola
e o cheiro da cola.
Eram as cabeças rachadas no intervalo: o rasto de sangue no cimento, desde o local de impacto até à enfermaria. O cheiro a urina nos pneus que por isso foram banidos do leque de brinquedos no recreio.
Era assim mesmo...
era mil 9 e coiso.
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